Veículos incendiados, propriedades privadas vandalizadas, manifestantes, jornalistas e transeuntes espancados é o balanço dos protestos realizados na cidade de Lilongwe, capital malawiana, em exigência da renúncia da presidente da Comissão Eleitoral, a juíza Annabel Mtalimanja, por alegada parcialidade.
Este acto criminal, foi protagonizado por um grupo de cerca de 60 indivíduos de origem desconhecida, que empunhando instrumentos contundentes como catanas, machados, facas, varões entre outros, agrediram os cidadãos que ainda se concentravam para a manifestação pacífica e os jornalistas que estavam para cobrir o evento.
Silvester Namiwa, organizador destes protestos, foi quase esquartejado, quando escapou para parte incerta, após ter sido catanado quase todo o corpo.
A situação já mereceu reacção por parte da União Europeia, Estados Unidos da América e outras sete missões estrangeiras acreditadas no Malawi, que consideram este recrudescimento da violência, uma ameaça à integridade e a credibilidade das eleições gerais de 16 de Setembro próximo.
Em uma declaração conjunta emitida pelos chefes das referidas missões diplomáticas, estes condenaram com veemência estes actos de violência, tendo afirmado que a manifestação pacífica é um direito consagrado na Constituição do Malawi e deve ser protegido.
Aliás, parceiros de cooperação ameaçaram cortar ajuda a polícia malawiana, caso continue na inacção, perante casos de género.
Para o embaixador da UE, Rune Skinnebach, numa altura em que faltam apenas duas semanas para o início da campanha eleitoral, estes incidentes levantam sérias preocupações sobre a credibilidade e a segurança de todo o processo eleitoral.
A Sociedade Jurídica do Malawi e o MISA Malawi, juntaram-se ao coro de condenação.
Em uma declaração contundente, a Sociedade Jurídica acusou o estado de suprimir deliberadamente as liberdades constitucionais dos cidadãos, tendo acrescentado que levantam sérias dúvidas sobre a competência e imparcialidade da polícia que quase nada fez para impedir estes actos macabros.
Já o Misa-Malawi, o ataque a jornalistas em serviço é uma flagrante violação da lei de imprensa e a procrastinação deliberada e a impunidade do estado em relação aos protagonistas destes actos de crime, podem levar o país para o caos.
A comunidade religiosa, e o Conselho de Igrejas do Malawi, também se opuseram a estes actos, tendo advertido que não iriam normalizar a ilegalidade nem serem intimidados ao silêncio, pois pelas suas declarações, a incapacidade da polícia de manter a lei e a ordem é um sinal perigoso para a nação de que a justiça não é mais cega, mas sim a ser aplicada selectivamente.
Malawi, está a viver momentos tensos, protagonizados pelos apoiantes dos diferentes partidos políticos. (RM Blantyre)
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