A Venezuela denunciou, esta segunda-feira, perante a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), que os EUA têm oito barcos, 1.200 mísseis e mais de 4.200 militares treinados para invadir o país.
Adenúncia foi feita pelo ministro de Relações Exteriores venezuelano, Yván Gil, advertindo que as consequências de um ataque dos EUA seriam "realmenteimprevisíveis", e sublinhando que Washington usa uma narrativa falsa que vincula o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, com o narcotráfico, com o "Cartel dos Sóis".
A Venezuela acusou ainda os EUA de terem enviado um submarino nuclear para águas das Caraíbas, próximas do país "violando a Zona de Paz declarada em 2014, bem como o Tratado de Tlatelolco, que desde 1967 estabelece a desnuclearização do território da América Latina e do Caribe", apesar de Washington se ter comprometido a respeitar.
"Estamos a viver uma situação sem precedentes. Desde a crise dos mísseis em 1960, quando a paz regional foi colocada em risco de forma significativa, não vivíamos uma situação deste tipo", disse Yván Gil, citado pelo canal de televisão venezuelano Globovisión.
O ministro insistiu que a Venezuela é um exemplo na luta contra o narcotráfico e que o país foi declarado como livre de cultivos ilícitos e do tráfico de droga.
«Pedimos à comunidade [Celac] que dê um passo à frente em defesa da zona de paz. Qualquer conflito bélico contra a Venezuela, usando um pretexto falso como o narcotráfico, significaria uma desestabilização completa em toda a região. Não se trata de um ataque contra a Venezuela, o que estamos a ver é o posicionamento de uma narrativa que ameaça toda uma região. As consequências dessa acção seriam realmente incalculáveis», disse.
Por outro lado, a Venezuela pediu que "a CELAC e todos os organismos regionais assumam a defesa da zona de paz, a defesa do Tratado de Tlatelolco" e que exijam "o fim deste destacamento que não tem outra razão de ser que a ameaça contra um povo soberano e livre como o da Venezuela".
"Quanto mais somos ameaçados, mais a Venezuela está preparada e pronta para defender a pátria, conforme determina a Constituição", frisou
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) realizaram esta segunda -feira uma reunião virtual, motivada pelo envio pelos Estados Unidos de navios de guerra para as águas ao largo da Venezuela.
O encontro foi convocado, com urgência pelo Governo da Colômbia, que detém actualmente a presidência rotativa da CELAC.
As tensões entre Washington e Caracas intensificaram-se nas últimas semanas, depois de em 16 de Agosto, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, ter afirmado que os Estados Unidos estão preparados para "usar todo o seu poder" para travar o "fluxo de drogas" para o território norte-americano.
Em 18 de Agosto, o ministro de Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, advertiu os Estados Unidos para que não ousem atacar o país porque os venezuelanos estão preparados para defender a pátria. Nas mesmas declarações, o ministro referiu que Washington também iria enfrentar a reacção da América Latina.
Em 29 de Agosto, o Governo venezuelano advertiu Washington que um ataque à Venezuela será uma "calamidade" e um "pesadelo" para os Estados Unidos.
"Seremos a sua calamidade, seremos o seu pesadelo e isso significará também a instabilidade de todo este continente. Por isso, o apelo é à paz. Acalmem-se, senhores falcões dos Estados Unidos. Acalmem-se, tranquilizem-se, porque vão causar um grande dano ao seu próprio país", disse a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodriguez, em declarações no estado venezuelano de Carabobo durante uma jornada de dois dias de alistamento voluntário da população para defender o país das alegadas ameaças dos Estados Unidos.
Caracas recebeu como ameaça a notícia de que Washington enviou para águas caribenhas navios lança-mísseis e 4.000 fuzileiros numa alegada operação contra cartéis narcotraficantes, em resposta à qual Caracas anunciou a deslocação por todo o país de 4,5 milhões de milicianos, componente da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB).
No passado dia 21 de Agosto, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos Estados Unidos e à Venezuela para que "resolvam as diferenças por meios pacíficos". (RM/NMinuto)
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