Indonésia vai vender arquipélago protegido para turistas e casas de luxo

Publicado: 30/11/2022, 13:46
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A Reserva Widi é um dos mais protegidos e intactos ecossistemas corais do mundo, mas o governo da Indonésia quer explorar o local, apesar dos alertas de organizações ambientalistas.

Apesar dos vários protestos de ambientalistas e dos receios cada vez maiores sobre a protecção de ecossistemas pelo planeta, a Indonésia vai permitir uma exploração turística de luxo na Reserva Widi, um arquipélago inteiro que vai ser leiloado em Dezembro.

O arquipélago, com mais de 100 ilhas, fica localizado no centro da região conhecida como 'Triângulo Coral' (que engloba águas tropicais entre as Filipinas, Indonésia, Malásia, Ilhas Salomão, Timor-Leste e Papua Nova Guiné), e é um dos mais importantes centros de biodiversidade do mundo.

O leilão das ilhas será organizado pela Sotheby's e irá decorrer em Nova Iorque, entre os dias 8 e 14 de Dezembro. A compra de ilhas a cidadãos estrangeiros é proibida na Indonésia, mas os compradores poderão simplesmente comprar acções na empresa de desenvolvimento que tem os direitos para construir 'resorts ecológicos' e propriedades de luxo na reserva.

Ao The Guardian, várias associações ambientalistas alertaram para o risco que as construções podem ter para a vasta biodiversidade da região, argumentando que o desenvolvimento de propriedades e o movimento de transportes e pessoas em zonas até agora inabitadas pode colocar em risco a vida marinha.

A ambientalista Iwan Sofiawan, que trabalha com organizações ambientais locais, questionou a pertinência do leilão, questionando "como é que pode ser garantido que estas ilhas não serão exploradas para actividades turísticas". "E o acontecerá ao acesso para as comunidades locais se estas ilhas passarem a ser privadas?", acrescentou.

Já Mohamad Abdi Suhufan, coordenador do Observatório de Pesca Destrutiva da Indonésia, pediu ao governo para investigar a venda, que causou "muita controvérsia para o público indonésio". E Suhufan duvida do carácter ecológico da empresa e do leilão, vincando que a privatização dos arquipélagos vai "impactar socialmente e economicamente a comunidade local".

"Os locais para pescadores que são usados há gerações serão limitados. O impacto social do plano vai sobrepor-se aos benefícios ambientais. Actualmente, o governo está a atrair agressivamente o investimento estrangeiro para obter receita estatal. Nenhuma regra devia ser mudada para aprovar esse plano", vincou.

A própria Sotheby's reconhece a enorme importância da reserva para a biodiversidade da região, salientando que as ilhas fazem parte do "mais intactos atóis de corais que sobram na Terra", descrevendo um "reino animal de proporções épicas, casa de centenas de espécies raras e em risco de extinção", incluindo "espécies por descobrir".

Mas a leiloeira esclarece que "menos de 1% da floresta tropical" faz parte dos planos de venda da empresa, e vai coordenar com as autoridades locais o policiamento da região. (RM-NM)

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