Os chefes de Governo e de Estado da União Europeia reúnem-se na quinta e sexta-feira numa altura de tensões no Médio Oriente, cimeira na qual pedirão uma pausa humanitária em Gaza e negociações para uma solução de dois Estados.
Numa carta-convite hoje enviada aos líderes da União Europeia (UE), o presidente do Conselho Europeu assinala que "a situação no Médio Oriente é uma tragédia" depois de dias de acesos bombardeamentos de Israel que se seguiram ao ataque do grupo islamita do Hamas de 07 de Outubro.
Observando que "a deterioração da situação humanitária em Gaza continua a ser motivo de grande preocupação", Charles Michel insta os 27 chefes de Governo e de Estado da UE a tomarem posição para "garantir urgentemente a prestação efectiva de ajuda humanitária e o acesso às necessidades mais básicas".
Por essa razão, segundo o rascunho das conclusões a que a agência Lusa teve hoje acesso, os líderes da UE irão manifestar "a sua mais profunda preocupação com a deterioração da situação humanitária em Gaza" e apelar "a que o acesso e a ajuda humanitária continuem a processar-se de forma rápida, segura e sem entraves, através de todas as medidas necessárias, incluindo uma pausa humanitária".
Portugal já veio afirmar que preferia apelar a um cessar-fogo humanitário, mas ao nível da UE foi o conceito de pausa humanitária que mereceu consenso.
"O Conselho Europeu condena com a maior veemência todos os actos de violência e hostilidades contra civis. A União Europeia trabalhará em estreita colaboração com os parceiros da região para proteger os civis, apoiar as pessoas que estão a tentar pôr-se em segurança ou prestar assistência, e facilitar o acesso a alimentos, água, cuidados médicos, combustível e abrigo", indica o rascunho das conclusões, que serão discutidas e aprovadas durante a cimeira europeia.
Já na carta-convite enviada ao primeiro-ministro português, António Costa, e aos seus 26 homólogos, Charles Michel defende também que se evite "uma perigosa escalada regional do conflito", bem como "o relançamento do processo de paz baseado na solução de dois Estados", sendo este "a única forma de avançar".
"Devemos abordar os efeitos deste conflito na UE, o que inclui analisar as suas implicações para a coesão das nossas sociedades, a nossa segurança e os movimentos migratórios", refere ainda o presidente do Conselho Europeu.
Charles Michel adianta que esta cimeira europeia "ocorre numa altura de grande instabilidade e insegurança a nível mundial, exacerbada mais recentemente pelos acontecimentos no Médio Oriente".
"Estes desenvolvimentos exigem a nossa atenção imediata, sem nos distrairmos do nosso apoio contínuo à Ucrânia. A nossa responsabilidade é permanecer unidos e coerentes e actuar em conformidade com os nossos valores, tal como consagrados nos Tratados", conclui.
A posição surge depois de, em 07 de Outubro, o grupo islamita do Hamas ter lançado um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns e mais de 1.400 mortos, sobretudo civis.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infra-estruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e electricidade.
O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios. (RM-NM)
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