Malawi: Banco Central anuncia a desvalorização do kwacha em 44 %

Banco Central do Malawi anuncia a desvalorização do kwacha, em 44 por cento, decorrente dos desequilíbrios prevalecentes no mercado entre a oferta e a procura.

Por conta da desvalorização da moeda local, o dólar passa a ser vendido no mercado oficial à 1.700 kwachas, contra os anteriores 1.180 kwachas.

O Banco Central do Malawi, justifica que a medida foi tomada face ao desfasamento das taxas de câmbio no mercado e das transferências telegráficas.

Apesar dos ajustes da taxa de câmbio através do sistema de leilão, o Banco de Reserva do Malawi, não conseguiu impedir que o kwacha descarrilasse no mercado, em 44%.

Esta é a segunda vez que o governo do Malawi desvaloriza o Kwacha neste ano, depois que em Maio passado fê-lo em 25 por cento.

Neste ano, a moeda malawiana teve uma derrapagem de 69%  face as principais moedas no mercado cambial internacional.

O governador do Banco Central Wilson Banda explicou que uma verificação pontual, dá esperança de que com esta desvalorização, o mercado é capaz de compensar as facturas de importação.

A medida ocorreu apenas uma semana antes de o Conselho Executivo do Fundo Monetário Internacional, examinar minuciosamente a elegibilidade do Malawi para aceder ao mecanismo de Crédito Alargado.

A taxa de câmbio sobrevalorizada e a dívida pública insustentável têm sido grandes preocupações para  Banco Mundial, durante as negociações que tem mantido com o governo do Malawi para a disponibilização de 174 milhões de dólares ao país.

Especialistas em economia, alertaram que a desvalorização de 44 por cento terá repercussões graves no seio do cidadão mais pobre, uma vez que provocará uma inflação jamais vista em produtos da primeira necessidade.

O Presidente da Confederação das Câmaras de Comércio e Indústria do Malawi, Lekani Katandula, reconhece ser uma decisão difícil, mas necessária.

Katandula, está ciente de que a decisão irá reduzir o poder de compra do cidadão, mas ela é bem-vinda, pois irá assegurar que o país continue a importar bens essenciais como combustível e medicamentos.

De acordo com a Confederação das Câmaras de Comércio e Indústria, a economia do Malawi está a consumir cerca de 250 milhões de dólares por mês em importações, numa altura em que as reservas cambiais oficiais para Agosto de 2023 tinham diminuído para 239,56 milhões de dólares. (RM Blantyre)