O surto de cólera na província de Nampula provocou desde outubro quase mil infetados, disparando perto de 400 novos casos desde o final de Fevereiro, além de 30 mortos, segundo dados oficiais.
De acordo as autoridades de saúde, a província contava 579 casos acumulados desde outubro até final de Fevereiro, com 29 óbitos, em três distritos, número que no balanço desta semana cresceu para um acumulado de 929 infetados e mais um óbito.
Num balanço feito pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), com dados até 11 de Março, face às consequências da passagem esta semana do ciclone tropical Jude pela província de Nampula, é referido que o surto de cólera está agora ativo, localmente, em Mogovolas, na cidade de Nampula, em Murrupula e Larde.
"Constituem fatores de risco a fraca cobertura de abastecimento de água, deficiente saneamento do meio, incumprimento de medidas básicas de higiene individual e coletiva, desinformação sobre a doença", lê-se na mesma informação, na qual se acrescenta que o setor da Saúde em Nampula, bem como o Governo e parceiros, está a "desenvolver ações para conter a propagação do surto".
As autoridades de saúde na província de Nampula manifestaram há cerca de uma semana preocupação pelo nível de desinformação sobre a cólera, surto que afeta a província desde 2024, após vandalização de mais um centro de tratamento da doença.
"Tivemos a vandalização do nosso centro de tratamento da cólera [no distrito de Murrupula], felizmente não chegaram a vandalizar as tendas (...), mas o que nos deixou mais preocupados é o nível de desinformação que temos a nível do distrito", disse em 07 de março a diretora distrital da saúde em Murrupula, Énia Zunguza.
O surto de cólera foi declarado em 17 de outubro, em três regiões das províncias de Nampula e na província da Zambézia.
De acordo com a representante do setor, os profissionais da saúde são proibidos de ir às comunidades, o que gera insegurança entre a classe e impede o tratamento da doença.
"Ninguém está seguro porque a informação que circula nas comunidades é que os serviços de saúde é que estão a propagar esta cólera, o que não constitui a verdade", disse.
As autoridades de saúde de Nampula já tinham admitido em fevereiro que mitos e desinformação comprometem a meta de vacinação contra a cólera em Mogovolas, entre os distritos mais afetados naquela província do norte.
As autoridades pretendiam atingir 197.999 pessoas, mas acabaram vacinando 169.865, o que corresponde a 85,8%, afirmou na altura à Lusa Samuel Carlos, representante do Serviço Provincial de Saúde em Nampula.
Devido à onda de desinformação, com as comunidades a acusarem os técnicos de saúde no terreno de estarem a propagar a doença, populares de Mogovolas destruíram o Centro de Tratamento da Cólera, bem como o bloco operatório do parceiro estratégico do Governo, a organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras. (RM)
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