Os partidos sul-sudaneses devem poder registar-se e fazer campanha sem intimidação e medo, afirmou hoje o enviado especial das Nações Unidas no país, um ano antes da data marcada para as eleições no Sudão do Sul.
De acordo com Nicholas Hayson, representante do Secretário-Geral das Nações Unidas no Sudão do Sul, o Governo de unidade nacional não conseguiu implementar muitas das principais disposições previstas no acordo de paz de 2018 (que pôs fim à guerra civil no país), persistindo sérias dúvidas entre a comunidade internacional se as eleições serão realizadas na data prevista.
"O Sudão do Sul precisa da participação activa da sociedade civil, para que esta possa apoiar a educação cívica e funcionar como monitores e observadores de um processo credível. Os meios de comunicação social devem poder informar livremente, com exactidão e de forma equilibrada, sem censura ou ameaças", afirmou Hayson.
"Será impossível prever a realização de eleições livres, justas e credíveis em Dezembro de 2024, a não ser que todos os partidos, líderes e partes interessadas do Sudão do Sul agarrem o touro pelos cornos e cheguem a acordo sobre as medidas cruciais até ao primeiro trimestre de 2024", acrescentou.
É esperado que os sul-sudaneses se dirijam às urnas no final de 2024, a primeira vez desde que se tornaram independentes do Sudão em 2011, apesar de as eleições já terem sido adiadas várias vezes.
Em Novembro, o Presidente Salva Kiir, que governa o país desde 2011, reformou vários organismos públicos responsáveis pela supervisão das eleições.
"As instituições que poderiam tornar a gestão das eleições eficaz e convincente para o povo do Sudão do Sul devem entrar em vigor [...] porque não queremos eleições que possam levar à violência", defendeu Hayson, afirmando que as Nações Unidas estão preocupadas com o aumento da violência comunitária, já que as autoridades sul-sudanesas são regularmente criticadas por violarem as liberdades públicas e reprimirem as vozes dissidentes e na semana passada morreram dezenas de pessoas em Abiye, região disputada na fronteira entre o Sudão e o Sudão do Sul.
O Sudão do Sul obteve a sua independência ao separar-se do Sudão em 2011. No entanto, a partir do final de 2013, o país entrou num conflito civil, provocado pela rivalidade entre o Presidente, Salva Kiir, e o seu então vice-presidente, Riek Machar, e que resultou na morte de mais de 380 mil pessoas e em milhões de deslocados.
Em 2018, os líderes rivais assinaram um acordo de paz para colocar fim à guerra civil, prevendo uma partilha de poder.
Apesar dos seus consideráveis recursos petrolíferos, o Sudão do Sul é um dos países menos desenvolvidos do mundo. (RM-NM)
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