Lula critica negociações do acordo de livre comércio UE/Mercosul

Publicado: 23/06/2023, 18:49
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O Presidente do Brasil criticou hoje, em Paris, o estado das negociações do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, afirmando que existem "ameaças" entre blocos que deveriam ser parceiros estratégicos.

Durante o seu discurso no encerramento da Cimeira para um novo pacto financeiro global, uma iniciativa promovida pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, Lula da Silva sublinhou: "Não tenho outro pedido senão esse, de ter um acordo com a União Europeia".

Especificamente, o líder brasileiro afirmou que, com o "peso adicional" imposto por alguns parceiros europeus, não pode haver acordo.

"Como é que se pode ter uma parceria estratégica com ameaças feitas contra parceiros estratégicos", questionou, sem apontar nomes específicos, mas sob o olhar atento de dois pesos pesados europeus: Macron e o chanceler alemão, Olaf Scholz.

Lula chegou a este tema polémico depois de recordar as enormes desigualdades mundiais e os desafios que se colocam a países como o Brasil, que combinam a luta contra a pobreza e as alterações climáticas (temas centrais da cimeira de Paris).

A este respeito, recordou que quando o seu Governo e o da sua sucessora, Dilma Rousseff, chegaram ao fim, a ONU tinha reconhecido que o Brasil tinha saído do mapa da pobreza, mas ao regressar à presidência brasileira este ano, 13 anos depois, ainda há 33 milhões de pessoas com fome.

Lembrou ainda os retrocessos causados pela onda de "proteccionismo" dos últimos anos e que no "plano democrático" o seu país está "muito pior por causa do fascista" que governou antes dele, numa referência a Jair Bolsonaro.

"Agora temos de refazer tudo o que já fizemos", lamentou.

E entre os grandes desafios, assegurou que a questão das alterações climáticas não é "secundária", como demonstra o seu "honroso" compromisso de desmatamento zero na Amazónia até 2030.

"Precisamos recuperar as terras degradadas, depois teremos de tratar também dos acordos internacionais, dos acordos comerciais", afirmou.

Lula antes de chegar a Paris que iria discutir com Macron o estado do acordo UE-Mercosul durante a sua visita a Paris, por considerar que as condições actualmente exigidas pelos europeus ao bloco do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai "são inaceitáveis".

Considera que penalizam os latino-americanos, especialmente no que diz respeito aos acordos climáticos, uma vez que "nenhum país respeitou os acordos de Copenhaga ou de Paris" e que "é necessário um pouco mais de flexibilidade" para alcançar um acordo que seja bom para todos.

A França é um dos países que historicamente mais tem colocado obstáculos às negociações, que se arrastam há mais de duas décadas e que ganharam novo ímpeto com a reeleição de Lula da Silva.

O acordo entre a União Europeia e o Mercosul será um dos principais temas da cimeira de líderes da União Europeia e da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) que se realizará em Bruxelas nos dias 17 e 18 de Julho, sob a presidência rotativa da UE recentemente inaugurada pela Espanha.

No seu discurso, Lula apelou a uma governação mundial forte e afirmou que as instituições de Bretton Woods "já não funcionam", não respondem às "aspirações" e aos interesses actuais e, na verdade, provocam por vezes a falência dos Estados.

"As instituições de Bretton Woods já não funcionam e já não respondem às aspirações e aos interesses da sociedade. Temos que dizer isso com muita clareza", afirmou Lula.

O líder brasileiro foi ainda mais longe e atacou directamente o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que "muitas vezes provocam a falência de Estados".

"Não podemos continuar com as mesmas instituições que funcionam erroneamente, e o mesmo vale para o Conselho de Segurança da ONU (...). Os representantes de 1945 não podem ser os mesmos de hoje", enfatizou.

Como exemplo, disse que "a ONU foi capaz de criar o Estado de Israel em 1948, mas não é capaz de resolver o problema da ocupação do Estado Palestino. Isso tem de ser dito".

Lula apelou à criação de uma governação mundial forte porque se "as instituições não mudarem, o mundo continuará igual, os ricos continuarão ricos e os pobres iguais". (RM-Angop)

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